- London Calling
- Brand New Cadillac
- Jimmy Jazz
- Hateful
- Rudie Can't Fail
- Spanish Bombs
- The Right Profile
- Lost in the Supermarket
- Clampdown
- The Guns of Brixton
- Wrong 'em Boyo
- Death Or Glory
- Koka Kola
- The Card Cheat
- Lover's Rock
- Four Horsemen
- I'm Not Down
- Revolution Rock
- Train in Vain
Londres. 1979. Margareth Thatcher, a deputada conservadora é içada ao comando da política na Inglaterra, chegando ao cargo de primeira-ministra de onde só apearia em 1990. Ganhara a eleição numa plataforma conservadora, prometendo uma guerra sem tréguas ao "coletivismo" adotado pelos antecessores trabalhistas e declarando que enfrentaria "a ditadura dos sindicatos". O conservadorismo começaria a sua era de ouro na Europa, impondo o liberalismo às sofridas classes trabalhadoras, mas não sem a resistência da juventude. Conflitos, greves e manifestações pipocariam por toda a Inglaterra. Um disco poderia sintetizar aquele ano, servindo de trilha sonora da indignação. No dia 14 de dezembro, esse disco chegaria às lojas inglesas, com um brado para a juventude mundial: London Calling.
Disco duplo, London Calling trazia à tona aquele que seria o mais importante trabalho do quarteto punk inglês The Clash, incorporando à estética punk dos garotos que são a pedra fundamental do movimento, toda a mitologia e as raízes do rock’n’roll. Um disco considerado clássico por dez entre dez amantes da música jovem, urbana e branca. Uma usina de estilos e elementos da música negra e branca, com sabores exóticos do ska ao reggae, passando pelo rockabilly, o jazz e o rhythm blues e o pop.
A dupla de compositores – Joe Strummer e Mick Jones – mostrou que estava à altura das grandes parcerias do rock, colocando-se no mesmo patamar de Lennon & McCartney. A capa, com o baixista Paul Simonon desferindo um golpe no palco com seu baixo, é emblemática. Mostra a essência do movimento punk e fecha, simbolicamente, o ciclo do rock’n’roll, aberto com Elvis Presley em 1956. Não à toa, a arte da capa de London Calling remete ao primeiro disco de Elvis.
London Calling é uma espécie de Novo Testamento para os seguidores do punk e os apreciadores do rock. Talvez seja exagero, mas é possível afirmar que este disco é um dos mais influentes de toda a música pop nos últimos 25 anos. Não só em função da estética, mas das aspirações políticas e sociais, não apenas coletivas, mas também individuais, que transbordam de faixas como Spanish Bombs, London Calling, The Guns of Brixton... É um atestado da contestação na arte. O disco não só antecipou a new wave, tentando dar um basta à ranhetice conservadora, como serviu de inspiração para milhares de bandas ao redor do planeta. Não existiria Libertines sem esse discaço, nem Plebe Rude ou Ira! e tantos outros grupos de rock.
O disco abre com guitarras cortantes e a voz de Joe Strummer gritando a plenos pulmões, como se estivesse acima da terra, em um farol: "London calling to the faraway towns/ Now war is declared - and battle come down/ London calling to the underworld/ Come out of the cupboard, you boys and girls…" (Londres chamando os povoados mais distantes/ Agora a guerra está declarada e a batalha começa/ Londres chamando o submundo / Saiam dos armários, garotos e garotas"...) Daí para a frente, uma sucessão de hinos atordoa os ouvidos incautos. As dezenove canções traduzem o espírito revolucionário da banda.
O disco ganhou uma versão de luxo no ano passado, por conta do jubileu dos 25 anos. A edição é um brinde aos amantes do rock: três discos (dois CDs e um DVD) e um libreto especial, recuperando a história das sessões de gravação. O primeiro disco, claro, é o mesmo lançado em vinil duplo em 1979. As surpresas da caixa são os dois discos extras. O CD com as míticas "Vanilla Tapes", com 15 rascunhos das músicas que entrariam no disco, quatro faixas inéditas, uma cover para The Man in Me, de Bob Dylan, e a releitura de Remote Control. E o DVD com um documentário de Don Letts contendo cenas da gravação do disco – incluindo os desvarios do porra-louca Guy Stevens, produtor de London Calling –, depoimentos dos quatro bardos do Clash, além dos vídeos promocionais de London Calling, Train in Vain e Clampdown, e mais as cenas em super8, não-editadas, do grupo nos Wessex Studios. É simplesmente imperdível para os fãs e colecionadores!
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